Os dados foram levantados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com base em informações do Ministério da Saúde e da plataforma SP Covid-19 Info Tracker, que monitora o avanço da doença no país.
O pico de novos casos ocorreu entre os dias 5 e 11 de janeiro, quando 23,5 mil infecções foram comunicadas às autoridades de saúde. Em comparação, de 29 de dezembro a 4 de janeiro, foram contabilizados 16 mil casos, enquanto na semana de 22 a 28 de dezembro o total foi de 6.090.
De acordo com Wallace Casaca, matemático e coordenador do Info Tracker, desde março de 2024 não se registravam números tão elevados. Ele explica que a tendência de alta foi observada desde novembro, mas o crescimento expressivo ocorreu nos últimos dez dias de 2024, culminando no aumento substancial em 2025.
“Os dados confirmam o que já foi percebido no dia a dia: muitas pessoas estão relatando sintomas gripais que, na maioria dos casos, ocorrem à Covid-19”, afirma Casaca. Ele destaca que as festas de fim de ano podem ter contribuído para a propagação do vírus, mas o crescimento ultrapassou as expectativas.
No entanto, o infectologista Julio Croda, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), pondera que a dimensão real da situação no Brasil é difícil de ser avaliada, pois muitos casos deixam de ser notificados. Ele também levanta a possibilidade de que o aumento dos diagnósticos esteja relacionado à maior testagem da população.
Em relação aos casos graves, o último Boletim InfoGripe da Fiocruz, referente à semana de 12 a 18 de janeiro, apontou um crescimento de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associada à Covid-19, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Segundo a pesquisadora Tatiana Portella, do InfoGripe, o crescimento se concentra na população idosa, mas também há aumento entre jovens e adultos em alguns estados.
Portella reforça a importância da vacinação, que segue disponível para os grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde e é fundamental na prevenção de formas graves de doenças e óbitos.
O Ministério da Saúde foi procurado para comentar os dados, mas não respondeu até a publicação desta matéria.
