Preço da carne sobe mais de 20% e vendas caem 12% no varejo


O alto preço da carne tem sido motivo de preocupação para consumidores e comerciantes em todo o Brasil. O impacto já é sentido no mercado varejista, com uma queda de 12% nas vendas, segundo Igor Schultz Pires, proprietário do Açougue e Fruteira À Quitanda, em Passo Fundo. A variação no valor da carne bovina está diretamente relacionada à alta demanda tanto no mercado interno quanto no externo.

O Brasil, como um dos maiores exportadores de carne do mundo, tem como objetivo grande parte da produção para fora do país, reduzindo a oferta interna e elevando os preços para o consumidor final. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto a inflação geral do país ficou em 5,5%, o preço da carne registrou um aumento superior a 20% .

Diante desse cenário, Pires defende que uma solução para conter essa alta seria o aumento do preço das exportações, incentivando que mais gado permaneça no Brasil e equilibrando o mercado nacional. Ele destaca que o aumento nos valores não afeta apenas a carne bovina, mas também os preços do frango e do porco, que acompanham essa valorização.

Outro desafio enfrentado pelo setor é a imprevisibilidade dos reajustes de preços pelos frigoríficos. Antes, era possível realizar cotações semanais para compras planejadas, mas os fornecedores não garantiam os valores na semana seguinte, dificultando a gestão de estoques e o planejamento financeiro dos comerciantes.

Para manter a competitividade sem comprometer a qualidade, o advogado de Pires tem investido em negociações com fornecedores e ajustes nos custos operacionais, como tributos estaduais e federais. Além disso, estratégias foram adotadas para ajudar os clientes a economizar, como recomendação de cortes alternativos mais acessíveis. Em vez de filé mignon para o preparo de um strogonoff, por exemplo, são sugeridos cortes como patinho ou coxão mole.

A desvalorização do real também contribuiu para o aumento do preço da carne. O dólar fechou o último ano com valorização de 27,3%, tornando o real uma das moedas mais fracas de 2024. Esse fator encarece os custos da pecuária, impactando ainda mais o valor final do produto.

Pires acredita que o futuro dos preços dependerá das ações do governo federal. Caso não haja mudanças na política de exportação, o consumidor brasileiro continuará pagando mais caro pela carne nos supermercados e supermercados do país.

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