A colheita do milho segue com produtividades satisfatórias, apesar das restrições hídricas que afetaram parte do ciclo. Segundo o Informativo Conjuntural divulgado nesta quinta-feira (20/02), esse desempenho positivo deve-se ao fato de que grande parte das lavouras já havia ultrapassado as fases críticas para a definição dos componentes produtivos. Atualmente, estima-se que 62% da área cultivada já tenha sido colhida, enquanto 18% das lavouras encontram-se em maturação.
As lavouras tardias, que representam 5% da área em desenvolvimento vegetativo, outros 5% em floração e 10% em enchimento de grãos, foram beneficiadas pelas precipitações recentes. As chuvas, que ocorreram em volumes superiores, ajudaram a atenuar momentaneamente as perdas causadas pela estiagem. Além disso, a queda das temperaturas contribuiu para reduzir os efeitos negativos do calor excessivo, que havia acelerado indevidamente o ciclo fenológico, impactando o acúmulo de fotoassimilados e o índice de área foliar.
Soja apresenta grande variação de produtividade
A produtividade da soja, por outro lado, apresenta grande variação devido a fatores como volume de precipitações ao longo do ciclo, época de semeadura, cultivares utilizadas e limitações impostas pela topografia e compactação do solo, que afetam a infiltração e o armazenamento de água.
O retorno da umidade do solo ajudou a atenuar o estresse hídrico das plantas, especialmente nas áreas mais impactadas pela estiagem. Essa recomposição proporcionou melhoria na turgescência foliar e favoreceu a retomada de processos fisiológicos essenciais em lavouras que estão em desenvolvimento vegetativo (6% da área) e em floração (32%). No entanto, a manutenção da umidade será essencial para o enchimento de grãos (55%), mesmo diante de uma redução no potencial produtivo.
Nas regiões mais afetadas, principalmente no Centro-Oeste do Estado, lavouras semeadas no início do período recomendado já estão na fase final de enchimento de grãos e maturação (7%), mas apresentam porte reduzido, desfolha acentuada e perdas produtivas irreversíveis. Já as lavouras implantadas em dezembro encontram-se em plena floração e início da formação das vagens, mas a produtividade deve ser insatisfatória devido ao porte reduzido das plantas, variando entre 20 cm e 30 cm.
As chuvas também possibilitaram a retomada das operações de controle fitossanitário, com prioridade para a aplicação de fungicidas em áreas de maior potencial produtivo. A incidência de tripes, ácaros e percevejos tem sido elevada em determinadas localidades, mas o controle químico vem se mostrando eficaz.
Preocupações econômicas marcam a safra
As incertezas econômicas seguem preocupando os produtores, especialmente devido à baixa adesão aos seguros agrícolas. As restrições legais do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que enfrenta um excedente no limite de sinistros, e os altos custos do seguro privado expõem os agricultores a riscos significativos, principalmente nas regiões onde as perdas foram mais expressivas.